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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As eleições em Angola


No dia 5 de Setembro de 2008 realizaram-se as eleições de Angola, as primeiras em 16 anos.


Às 07h da manhã, em Luanda, a cidade estava já preparada para começar o grande dia de votações. Nas ruas podia-se andar à vontade, no entanto as filas nas Assembleias de voto espalhadas pela cidade já eram visíveis. A população estava sôfrega por votar e quis participar deste acto o mais rapidamente possível.
Na cidade alta, onde se situa o palácio presidencial, estava tudo a postos para receber na Assembleia de voto Nº 0401070 o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos. Ás 08:35 o chefe de Estado chegou com a sua esposa, Ana Paula dos Santos.
José Eduardo não prestou nenhuma declaração aos jornalistas apenas fê-lo através da TPA, e disse que no início das votações estava tudo a correr bem.“ Há tolerância, respeito pelas opiniões dos outros e um ambiente muito fraternal, apesar das disputas e das trocas de ideias pontuais, ou até de insultos e críticas”, indicou à cadeia de televisão pública de Angola. “Mas é um ambiente são. Os angolanos tiveram um comportamento exemplar. De uma maneira geral, o civismo dominou”, sublinhou o Presidente.
“Se as coisas continuarem assim, até ao encerramento das urnas e à apresentação dos resultados, seremos um grande exemplo para o mundo” acrescentou.
Entretanto, ecoavam as primeiras declarações dos observadores da União Europeia que consideraram, a primeira Assembleia que visitaram, a de Cacuaco, como desorganizada. Declarou a eurodeputada Luisa Morgantini, a chefe da delegação europeia, citando a falta de cadernos eleitorais em alguns locais de voto e outras falhas de organização.
Às 10h chegou a vez do Líder da Oposição UNITA votar, Isaías Samakuva exerceu a sua escolha na Administração da Comuna da Maianga. Quando abordado pelos meios de comunicação referiu que o processo está a decorrer com uma enorme confusão chegando mesmo a afirmar que está a ser “um completo desastre”. Para além disso, afirmou que “há muitas Assembleias de voto que não estão a funcionar, faltam cadernos eleitorais, algumas não estão sequer instaladas, delegados de lista foram rejeitados, alguns receberam credenciais falsas, com números de código de Assembleias que não existem” e no que respeita à credibilidade do processo Samakuva rematou dizendo “se as coisas continuarem assim, a votação é inaceitável”.
O porta-voz da Comissão Nacional de eleições de Angola, Adão de Almeida, mediante os atrasos na abertura de algumas Assembleias de voto referiu que “houve alguns problemas e atrasos” mas garantiu que todos os cidadãos terão oportunidade de votar.
Por volta das 10H:30 na escola Alexandre Armindo, o líder da FNLA, Ngola Kabangu votou. Nas suas declarações referiu que “apesar de tudo acredito no processo. Admito que estava tudo desorganização e atrasado. Estamos a registar os pontos negativos mas, tudo faremos para gerir de uma forma pacífica. No entanto, há uma condição, que tudo se faça com transparência”.
Nas ruas, numa ronda nas Assembleias de voto nas zonas mais centrais e populares da cidade de Luanda, ouvia-se várias versões. Na Assembleia de voto nº52 na ilha, o eleitor Pedro disse estar “há mais de 3horas à espera pelos boletins”, por outro lado na Assembleia no largo do Balizão, Francisco apelou à calma dos votantes. “ Estou aqui também à espera. Esta é a primeira vez é normal que as coisas estejam um pouco complicadas. Vamos ter calma”. No largo Serpa Pinto, na Assembleia nº 24, onde havia boletins suficientes por volta das 13h, Rui dos santos, referiu que, “ já consegui votar, mas andei às voltas até encontrar um sítio onde houvesse boletins. Mas, apesar de tudo, acho que está pacífico e a segurança está assegurada”.
No largo do Kinaxixe, que apenas arrancou depois da 10h as coisas estavam mais difíceis. Na Maianga as coisas correram bem, quase todas as mesas cumpriram. A Sagrada Família teve um início normal mas, após as 12h já não havia boletins e até às 16h ainda continuava tudo parado. Na Mutamba, mais propriamente na Escola, as coisas arrancaram com normalidade, no entanto por volta do meio-dia os boletins acabaram também.
O líder do partido do galo negro, Samakuva reuniu-se no final do escrutínio com o responsável da Comissão eleitoral, Caetano de Sousa e apelou para que hajam novas eleições, considerando que estas não foram normais.
No final do dia, após o encerramento das urnas, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo houve uma reunião da CNE com o balanço do dia. Ficou concluído que no dia 6 de Setembro a votação iria continuar apenas nos locais que atrasaram ou que não arrancaram ou seja, em cerca de 320 Assembleias. Tal situação, apenas se iria dar em Luanda onde houve alguns problemas, no resto do país o processo eleitoral ficou concluído no dia 5 de Setembro.
Resta apontar que apesar dos vigentes atrasos o processo correu em segurança e a população aderiu com veemência às mesas. Este foi o primeiro passo para a Democracia.

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