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terça-feira, 30 de setembro de 2008

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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Músicas

Sabem do que mais gosto aqui de Angola? É da riqueza das letras angolanas. Quem conhece músicas como a "Ngaxi", "O meu patrão", "Ti paciência", "Pequena" e "Tem mulher que bate no homem" sabe do que falo. Para os que não sabem deixo aqui pequenas sinopses do que tratam as músicas e excertos das letras já que ainda não sei puxar sons para aqui (entretanto aceito aulas):

Ngaxi: Esta música é tocada pelo cantor Cristo e trata a história de uma rapariga que ganha um concurso de beleza, vai para Portugal e depois de andar na alta roda da moda volta a Angola onde finge não conhecer os vizinhos e nem os amigos.
O refrão é:
Ngaxi, ngaxi uacodiua (esta é a pronúncia da palavra não sei é se é assim que se escreve) Chaparia por fora está bala
Mas motor está a babar olho (Oleo)
(aqui qq palavra que tenha um i ou e a seguir a um L é lida como se tivesse "lh" tipo familha (em vez de família), até dois mil e oito já ouvi dois milhoito.

O meu patrão: Esta música é cantada pela Ary com auxílio do Yuri da cunha. Uma mulher casada é aumentada no emprego e o marido desconfia, mas como ele está desempregado tem de ficar calado e comer ou então bazar. Aliás ele passa mesmo a ter a certeza do que se passa entre a mulher e o patrão e diz "se deixar esta dama e arranjar outra m'boa, vai ser sempre a mesma coisa..."
Refrão:
Não pergunta muito se não queres
Aproveita a onda se não queres
Vou deixar sair
Vou deixar sumir
Você em casa não estás a contribuir
Tradução: Olha é assim: Tens dinheiro, tens a casa recheada, se quiseres ir podes ir andando, porque não tens posto nada em casa o melhor é aproveitares.

Ti Paciência: Cantada pelo musico Maya Cool, o rei das músicas sobre os verdadeiros problemas da sociedade angolana com todos os condimentos e diálogos apropriados à situação musicada.
O Ti Paciência é um kota que casou com uma segunda mulher depois da primeira ter fugido com um tipo, só que esta é uma maluca pois "onde ela saiu foi a rainha da noite, mamãe kadilé tá a dizer que é pouca sorte" e o problema é que o homem até podia "deixar a dama que tem, pegava uma catorzinha mas a idade que não perdoa". O maior problema é que "toda a gente lá do bairro quer saber quem é o marido dessa senhora: Quem é o marido dela? Eu não conheço Uéh, Quem é o marido dela? Nunca le vi uéh".
Refrão: "Ti Paciência, tem paciência"

Pequena: Outra pérola de Maya Cool, esta tinha que vos escrever a letra toda deixo só o início e o refrão.
Hum tava na cubico ué
a relaxar com uma bitola
com toda a familha
como mandam os costumes da banda
de repente éh
celular toca a mulher foi atenderéh
uma mensagem: querido quero te veréh
(em fundo ouve-se: problema, problema!)
Panelas no ar, mulher está a chinguilar
(ouve-se no fundo: Maaaakaaaaa!)

Refrão:
te juro não tenho nada com ela filha
só lhe dei boleia ficou com o meu contacto

Ok com a música teria mais piada, vou ver se consigo pôr som aqui.

domingo, 21 de setembro de 2008

O vencedor

Já agora o MPLA ganhou. Temos um partido único ou quase....

Mais um post sem nexo

Hoje foi um dia que me apeteceu mudar. Bem, nem sei porque estou a partilhar isto com vocês, nem mesmo neste blog, que é suposto ser informativo e de piadolas ou confissões desesperadas de quem vive em África. Neste caso não se trata nada disso. Eu estava simplesmente a olhar para o meu armário e com vontade de arrumar tudo, sem contar nada a ninguém, e fugir. Quando dei por mim estava a pensar como poderia sair disto sem que ninguém me apanhasse, já tinha um esquema montado, confesso que um pouco surreal. Não consegui fugir nem colocar uma única peça dentro da mala...
Nada está errado, nada mudou apenas e citando um filme que vi na TV (que não faço ideia alguma do nome) "I just dont feel anymore". Será?

domingo, 14 de setembro de 2008

Tempo de Heróis

Vem aí o Dia do Herói Nacional, trata-se de um feriado que rende homenagem ao pai da Angola independente. Agostinho Neto, o Poeta Presidente, diz quem o conheceu que tinha o dom de unir o povo em torno do ideal de uma Angola independente e sem guerra.
Neste momento imagino os tempos de guerra em Angola, após a debandada portuguesa, penso nos militares angolanos das FAPLA, que pouco mais que um treino básico tinham. Penso em todos os angolanos, que mesmo tendo nascido como portugueses, lutaram por uma Angola livre. Para eles era bem mais fácil regressar, teria sido mais fácil abandonar tudo do que ver o fruto do seu trabalho ser destruído, teria sido muito mais fácil ir para o conforto mesmo de um país estagnado (Portugal) do que continuarem a ser perseguidos. Mas muitos ficaram e abraçaram a luta armada contra os invasores estrangeiros.
Não sei como as coisas chegaram ao ponto de uma guerra civil. Eu entendo a guerra pela independência, não entendo a guerra civil. Este período veio dar razão aos fascistas que diziam que Angola não seria nada sem eles, e de facto durante muito tempo esse parecia o destino.
É fácil apaixonarmo-nos pelo "fado" angolano, talvez por, há coisa de 15 dias, ter sido escrita a sua última estrofe, e ter sido feito um último exorcismo.

Escrevo aqui alguma da História de Angola como se de uma sinopse de um filme se tratasse:
Angola um país que após conseguir a sua independência, vê no sonho de um homem (Agostinho Neto) o seu futuro. Uma nação de iguais, para iguais. Do outro lado, forças que pretendem o controlo da nação pela guerra (UNITA e FNLA).
Mesmo dentro do partido do Poeta Presidente (MPLA), houve problemas sérios que culminaram com o 27 de Maio de 1977. E muitos "filhos dos colonos", mesmo aqueles que lutaram contra o país dos seus pais, foram afastados da luta pela paz. Muitos abandonariam a sua pátria, para regressar à dos pais.
Após anos de guerra civil, a paz da nação é pendurada pelo resultado de umas eleições, o povo sai à rua e grita (por cruz) a sua decisão. Um dos derrotados (Savimbi líder da UNITA) não acata a voz da pátria e lança o país em mais uma guerra fratricida de 16 anos.
Savimbi morreu e o povo angolano largou as armas, largou a guerrilha, uniu-se em torno da paz. Um Governo de Unidade Nacional foi criado e forças que outrora lutaram no campo da batalha constroem um país a partir dos escombros deixados pelas três décadas de guerra. Em seis anos o país cresce, de 2002 a 2008, como nenhum cresceu durante esse tempo. E finalmente o povo sai à rua e grita (por voto) a sua escolha. Os que sempre protegeram a população são legitimados e os outros perdem. Final feliz.

Para ser completamente verdadeiro, peço que esqueçam os rumores ou realidades de corrupção, peço que esqueçam a mágoa que tenham por terem abandonado este país sob a ameaça da guerra ou de uma perseguição por serem brancos e como tal "colonos, fascistas e invasores". Eu sei que é difícil, pois algumas das pessoas que aqui estão no poder, terão sido as mesmas que espalharam terror na aparente calmaria do "império português". Mas esses não são mais do que aquilo que os exércitos de Afonso Henriques foram para os espanhóis e para os mouros, com a vantagem de que realmente estes de cá lutaram pela sua terra.
Concentrem-se apenas na história de um país que ainda sabe o que são heróis, que ainda os homenageiam, que ainda pode falar com eles ou mesmo falar com quem os conheceu de perto. É esta a fibra deste país, todos foram heróis pelo que aguentaram de guerra e de fome. Em Portugal os heróis são escorraçados para o desemprego e existem na penumbra dos Média, os heróis sobrevivem em surdina na miséria de um cheque da segurança social e são escondidos e maquilhados pelas iniciativas governamentais contra a pobreza.
Já não há heróis portugueses, mas os angolanos ainda o continuarão a ser até caírem na armadilha do conforto de uma paz sem luta de ideias, como Portugal caiu.
Cá, este tempo é o de celebrar os heróis de Angola e sobretudo o seu maior, o Poeta Presidente, Agostinho Neto, ou como alguém disse: "Na próxima quarta-feira decorre mais um aniversário de Agostinho Neto, aquele que, depois de derrotar os invasores estrangeiros e libertar a pátria, apenas reclamou dos seus pares o direito de ouvir a chuva e ouvir os silvos do vento. Nesta tristeza à média luz, sobra a alegria de, finalmente, o MPLA ter passado pelo teste de eleições, sem ameaças. Parabéns, Camarada Presidente”. In Jornal da Angola, Crónica à Média Luz, de Artur Queiroz.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Os dias após as eleições de Angola

No dia 6 de Setembro as Assembleias reabriram e tudo correu dentro da normalidade. Às 19h terminou o escrutínio. Sem confusões nem violência, aliás a polícia espalhada pela cidade actuava com eficácia quando algum conflito ameaçava emergir.

No dia 7 de Setembro algumas previsões já apontavam para que o MPLA fosse o grande vencedor. Apesar de Samakuva ter entreguem o pedido à CNE para a impugnação das eleições. Mas, a resposta a este pedido só se saberia no dia 8, segunda-feira.

No dia 8 de Setembro a CNE rejeita o pedido do líder da UNITA e legitima as eleições que decorreram no dia 5. Luisa Morgantini, chefe dos Observadores da UE, dá uma conferência de imprensa para apresentar os primeiros dados. Refere que as eleições correram bem, que houve situações que atrapalharam o processo eleitoral, como os atrasos de entrega dos cadernos eleitorais e outras situações pontuais e que dentro de dois meses, no relatório final, serão divulgadas. Quando os jornalistas lhe perguntaram se achava que as eleições tinham decorrido de forma transparente e justa, a resposta foi apenas: Não se pode responder tão incisivamente, tem de se analisar caso a caso. No entanto, mostra-se satisfeita com o processo e congratula o Governo de Angola por ter dado este passo para a Democracia do país.
Entretanto, o MPLA no final deste dia lidera com 81,62 % dos votos.

As eleições em Angola


No dia 5 de Setembro de 2008 realizaram-se as eleições de Angola, as primeiras em 16 anos.


Às 07h da manhã, em Luanda, a cidade estava já preparada para começar o grande dia de votações. Nas ruas podia-se andar à vontade, no entanto as filas nas Assembleias de voto espalhadas pela cidade já eram visíveis. A população estava sôfrega por votar e quis participar deste acto o mais rapidamente possível.
Na cidade alta, onde se situa o palácio presidencial, estava tudo a postos para receber na Assembleia de voto Nº 0401070 o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos. Ás 08:35 o chefe de Estado chegou com a sua esposa, Ana Paula dos Santos.
José Eduardo não prestou nenhuma declaração aos jornalistas apenas fê-lo através da TPA, e disse que no início das votações estava tudo a correr bem.“ Há tolerância, respeito pelas opiniões dos outros e um ambiente muito fraternal, apesar das disputas e das trocas de ideias pontuais, ou até de insultos e críticas”, indicou à cadeia de televisão pública de Angola. “Mas é um ambiente são. Os angolanos tiveram um comportamento exemplar. De uma maneira geral, o civismo dominou”, sublinhou o Presidente.
“Se as coisas continuarem assim, até ao encerramento das urnas e à apresentação dos resultados, seremos um grande exemplo para o mundo” acrescentou.
Entretanto, ecoavam as primeiras declarações dos observadores da União Europeia que consideraram, a primeira Assembleia que visitaram, a de Cacuaco, como desorganizada. Declarou a eurodeputada Luisa Morgantini, a chefe da delegação europeia, citando a falta de cadernos eleitorais em alguns locais de voto e outras falhas de organização.
Às 10h chegou a vez do Líder da Oposição UNITA votar, Isaías Samakuva exerceu a sua escolha na Administração da Comuna da Maianga. Quando abordado pelos meios de comunicação referiu que o processo está a decorrer com uma enorme confusão chegando mesmo a afirmar que está a ser “um completo desastre”. Para além disso, afirmou que “há muitas Assembleias de voto que não estão a funcionar, faltam cadernos eleitorais, algumas não estão sequer instaladas, delegados de lista foram rejeitados, alguns receberam credenciais falsas, com números de código de Assembleias que não existem” e no que respeita à credibilidade do processo Samakuva rematou dizendo “se as coisas continuarem assim, a votação é inaceitável”.
O porta-voz da Comissão Nacional de eleições de Angola, Adão de Almeida, mediante os atrasos na abertura de algumas Assembleias de voto referiu que “houve alguns problemas e atrasos” mas garantiu que todos os cidadãos terão oportunidade de votar.
Por volta das 10H:30 na escola Alexandre Armindo, o líder da FNLA, Ngola Kabangu votou. Nas suas declarações referiu que “apesar de tudo acredito no processo. Admito que estava tudo desorganização e atrasado. Estamos a registar os pontos negativos mas, tudo faremos para gerir de uma forma pacífica. No entanto, há uma condição, que tudo se faça com transparência”.
Nas ruas, numa ronda nas Assembleias de voto nas zonas mais centrais e populares da cidade de Luanda, ouvia-se várias versões. Na Assembleia de voto nº52 na ilha, o eleitor Pedro disse estar “há mais de 3horas à espera pelos boletins”, por outro lado na Assembleia no largo do Balizão, Francisco apelou à calma dos votantes. “ Estou aqui também à espera. Esta é a primeira vez é normal que as coisas estejam um pouco complicadas. Vamos ter calma”. No largo Serpa Pinto, na Assembleia nº 24, onde havia boletins suficientes por volta das 13h, Rui dos santos, referiu que, “ já consegui votar, mas andei às voltas até encontrar um sítio onde houvesse boletins. Mas, apesar de tudo, acho que está pacífico e a segurança está assegurada”.
No largo do Kinaxixe, que apenas arrancou depois da 10h as coisas estavam mais difíceis. Na Maianga as coisas correram bem, quase todas as mesas cumpriram. A Sagrada Família teve um início normal mas, após as 12h já não havia boletins e até às 16h ainda continuava tudo parado. Na Mutamba, mais propriamente na Escola, as coisas arrancaram com normalidade, no entanto por volta do meio-dia os boletins acabaram também.
O líder do partido do galo negro, Samakuva reuniu-se no final do escrutínio com o responsável da Comissão eleitoral, Caetano de Sousa e apelou para que hajam novas eleições, considerando que estas não foram normais.
No final do dia, após o encerramento das urnas, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo houve uma reunião da CNE com o balanço do dia. Ficou concluído que no dia 6 de Setembro a votação iria continuar apenas nos locais que atrasaram ou que não arrancaram ou seja, em cerca de 320 Assembleias. Tal situação, apenas se iria dar em Luanda onde houve alguns problemas, no resto do país o processo eleitoral ficou concluído no dia 5 de Setembro.
Resta apontar que apesar dos vigentes atrasos o processo correu em segurança e a população aderiu com veemência às mesas. Este foi o primeiro passo para a Democracia.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Amanhã é o Dia "D"


Propaganda do MPLA (Partido no poder). Bairro Vila Alice




No dia 5 as eleições vão acontecer aqui em Angola. Hoje a cidade está um caos toda a gente se prepara para o grande dia. Se esta cidade já tem trânsito nos dias normais, hoje "não vale a pena".

Por volta das 06h da manhã vou acordar para trabalhar. Irei dirigir-me às mesas de voto mais importantes e fazer entrevistas às pessoas comuns e também aos políticos ou outros...quem sabe?? Estarei a correr de um lado para outro, não esquecendo o centro Anibal de Mello, o sítio onde os jornalistas se vão reunir para saberem mais detalhes dos acontecimentos e quem sabe trocar algumas ideias....

Os observadores da União Europeia já andam aí e já se espelharam pelas províncias. Eu já tentei falar com uma das representantes dos observadores, a nossa tão famosa Ana Gomes, mas sem sucesso, quando cheguei ao Hotel Trópico, ela estava a entrar no carro. Bolas nem me deu uma declaração.........jornalista sofre. Não que ela tivesse culpa, mas a reunião que ia dar foi adiada mas o pessoal esqueceu-se de avisar alguns media.

Hoje, dia 4, preparo-me, não sei bem como, mas meto as pilhas no gravador, verifico mil vezes se não me esqueço do bloco e agendo com o fotografo. Está tudo a postos...ready, set, go!!!

Boa sorte Angola

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Como estão as ruas de Luanda




Aqui estão as bandeiras dos dois partidos principais, UNITA e MPLA. Assim se faz uma campanha.
Esta imagem é do largo Serpa Pinto, um dos principais de Luanda.

MPLA vs UNITA

Os angolanos têm dois grandes partidos que estiveram em guerra civil (esqueçam a FNLA que essa está moribunda). E o problema é que essa guerra terminou pela morte do líder do partido que a fez contra as forças governamentais da altura (de 1992 a 2002). É quase a mesma coisa que se na Alemanha, após a 2ª Grande Guerra, o partido nazi continuasse a concorrer às eleições. Um partido que levou um país inteiro para guerra com outras nações, com o suposto apoio da população, não conseguiu sequer continuar legal após a derrota. Como se espera que um partido, a UNITA, que lutou pela soberania de Angola entre 1975 e 1992, e que depois, descontente com os mais de 17 anos de guerra, partiu para conflito novamente quando a população acreditava na paz.
Se calhar temos que ver isto à escala dos angolanos, e não à nossa: Por causa da UNITA, Angola perdeu 10 anos ( não conto com os 17 de guerra pela soberania, porque aí o povo ainda não tinha sido ouvido).
Agora se o MPLA, que representa a maioria deste Governo, se tem tido uma governação justa... Isso já é outra conversa. Mas numa coisa acredito, a UNITA não vai conseguir sair do estigma de um partido que fomentou uma guerra sem apoio popular, ou pelo menos terá um apoio muito diminuto.

Ainda antes das eleições

Meus caros

As eleições estão aí à porta o ambiente ainda é calmo. Quer dizer nota-se nas pessoas alguma agitação, ansiedade, não sei bem se porque vão votar, se pelo simples facto, de na quinta ser dia de reflexão (logo ninguém trabalha) e sexta o dia “D” (logo ninguém trabalha) ou mesmo porque está a chegar o dia das 3/50. E perguntam os leitores o que é o dia das 3/ 50? Na sexta-feira, diz-se por aí, que um certo partido cede 3 cervejas a 50 kwanzas (cerca de 50 cêntimos), logo é o dia da bebedeira.
Seja qual for a resposta o certo é que começa haver movimentação, as eleições são uma coisa única que há 16 anos não existia. Ninguém sabe o que vai acontecer, mas toda a gente dá palpites….

Para os que não sabem lá vai um pouco de História política de Angola, coisa pouca mas já dá para perceber:
As últimas eleições deram-se em 1992. Estas levaram a conflitos aquando o principal partido de oposição, UNITA, rejeitou os resultados alegando que estes eram fraudulentos e afirmando que MPLA (Partido no poder) sabotou. Aí começou a Guerra Civil que só terminou em 2002 com a morte de Savimbi.
Agora estão a concorrer dez partidos políticos e quatro coligações, num total de 5.198 candidatos. Estão inscritos para votar cerca de 8,3 milhões de eleitores em 12400 assembleias de voto. Estão em disputa 220 lugares na Assembleia Nacional de Angola para um mandato de quatro anos. Em 2009 estão previstas as eleições presidenciais.

Bom, com esta pequena retrospectiva, é fácil entender que Angola vive uma reminiscência. Toda a gente sabe que nada vai acontecer, mas se perguntarmos a alguém na rua que viveu a guerra, ela diz que está confiante, mas não quer nem pensar em viver um conflito. Por isso acrescenta “ é melhor ficarem os que já lá estão, pode ser que assim acabem o que começaram a fazer”.
Muitos podem pensar isso é medo, isso é ditadura….. Enfim. Mas só aqui e percebendo como é África como a politica funciona e como temos de deixar as nossas convicções, é que entendemos que não é porque nós vivemos no nosso mundo “pseudo livre” que Angola vai passar a agir como nós. Esquece.

Nas ruas os jovens, agora desocupados, bebem e festejam e gritam pelo partido que lhes oferece t-shirts. Os confrontos que possam existir estão na base destas festanças, que entre bebidas sai um ferido. É certo que o presidente mandou aumentar o policiamento, que os assaltos diminuíram, mas………………… Angola está mais segura??? Não sei.