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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Apenas uns dias antes

Caros leitores mudos

Todos vocês se questionam ou questionam-me à cerca das eleições em Angola. "Não será perigoso?", "e se isso acaba lá como no zimbabué?", "África é África. Não devias estar aí.Porque não regressas?", " e se há uma revolta do partido que perde?". A todas estas questões eu não tenho uma única resposta. Posso dissertar sobre o que penso e sinto por estas bandas, mas não sei se vão entender ou vão, quem sabe, achar que se vai tratar de um pequeno diário lamechas de uma menina de colégio que resolveu ir para Angola. Será??
Antes de começar....... Eu não faço a minima ideia porque ainda cá estou. Querem vocês ver que afinal até gosto desta terra ou mesmo tempo que sei que ela me suga as minhas últimas energias catarses? Amor e ódio, qual romance shakspeariano ou alminhas de Dante...........É África não é ficção.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Nunca se sabe quando pode chegar o frio a África...


Olá meus caros leitores

Cá estou eu de regresso a este Continente que descobri ser bastante frio. Sim!!!! Frio.

Pois é. Mal acabo de chegar os amigos, saudosos, ofereceram um café (sim porque jantar é caro) e entre conversas e palhaçadas um camarada conta a seguinte história:

Vocês nem imaginam estavam os trabalhadores da minha empresa, a pedido de alguém lá de cima, a arrumar umas máquinas de trabalho vendidas pelos russos a Angola, quando de repente deparam-se sabem com o quê???

e nós: NÃO

com umas máquinas para limpar neve

e nós: Limpar neve em Angola

Sim meus caros... os senhores da Rússia convenceram alguém de cá a comprar limpa neves carissismos.

Bom, digo eu, nunca se sabe quando em África pode fazer um frio de rachar...

De volta a kaluanda

Eu tinha razão e o Variações é o maior. Agora estou aqui e tenho tanta vontade de estar aqui como de um tiro na cabeça.
Será que sou daquele tipo de pessoas que gosta da adversidade e de a superar para mostrar algo a si próprio. Acho que sim...
Por muito que as partes boas daqui sejam de descontracção, as más são de extrema resignação. Vens para mudar mas és barrado pela mentalidade instituída, e depois adormeces e cais nas práticas deles.
Aqui o "deixa andar" é bem pior. Aqui o "logo se vê" dita o destino. Aqui o "não tem maka" é lei.
Acreditem que isto de que vos falo está directamente relacionado com o que faço, pois outras pessoas fazem outras coisas e sofrem com isto, mas não adormecem.
Dizem vocês então muda, ao que eu respondo: Para onde?
Vocês: Tanto sítio, nem precisavas de sair de casa.
Eu: Desculpem mas gosto de ver se a relva da vizinha é mais verde que a minha.

Faz três dias desde que cheguei e esta cidade está igual, um pouco mais caótica com mais obras (como se isso fosse possível) e com a campanha eleitoral a assustar o ocidental mais incauto.
São os autocarros e os kandongueiros cheios de malta a sair das janelas, em tronco nu e a bater na chapa das viaturas, ou simplesmente grupos de gente a pé, a cantarem não se sabe bem o quê com um tom bastante efusivo. Assusta porque nos faz lembrar outros cenários que descambaram em guerra. Mas aqui dizem-nos que isso é impossível.
Esperemos que sim... Pelo sim pelo não, vou encomendar o meu colete a dizer PRESS...