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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Regresso...

Estou de volta ao blog... Não tenho partilhado nada e não tenho contado nada desde Dezembro de 2013.

Passou-se mais de um ano e seis meses desde a minha última intervenção.

Ou porque não houve tempo, ou porque não houve vontade, ou porque não houve nada de novo para escrever. Simplesmente não voltei aqui.

Continuo a viver em Luanda, já cá estou há mais de dois anos. Desde a última vez que escrevi aqui no blog já mudei de casa, já fui à Namíbia e a Nova York. Já mudei de emprego duas vezes, sendo que uma das mudanças foi dentro da própria empresa.

Luanda perde encanto a cada dia que passa. Os amigos que são a tua família aqui, cada vez se fecham mais em casa. Os amigos que são a tua família perderam um pouco daquela camaradagem que fazia de nós uma família. Não me levem a mal, as pessoas continuam a ajudar-se conforme seja possível, não é isso que está em causa. O que está em causa é aquela vontade genuína de estarmos juntos, de fazermos coisas juntos.

Não sei se foram eles que mudaram, se foi eu que mudei mas se calhar foi a vida que mudou.

Neste momento Luanda está cada vez mais feia, com o lixo amontoado em várias ruas porque as empresas de recolha não recebem dinheiro. A estação do ano também não ajuda, não chove mas as temperaturas estão baixas e há muita humidade de noite e os dias são muito cinzentos, é a época do Cacimbo.

Nesta altura vejo seguranças à porta das casas com gorros e casacos de penas. Paramos o carro para ir para casa e metemos a conversa habitual:

-Boa noite. Está tudo bem? (Digo eu)
-Chefe, boa noite sim! (qualquer resposta ao "chefe" vem acompanhada de um sim muito vincado. Por exemplo "obrigado sim", "claro sim" etc.)
- Então este Cacimbo? (Pergunto eu já sabendo a resposta)
-Este Cacimbo NÃO VALE A PENA... (uma afirmação dita em simultâneo com um expressivo bater de dente com o corpo).

Se eu tivesse que dormir na rua, com esta humidade, também de certeza que usaria luvas, gorro e casaco de penas. Ser segurança em Luanda é duro...

As pessoas de cá não perdem o seu ar castiço mesmo face às adversidades que sofrem neste momento. O aumento de preços nos supermercados, dos combustíveis, nos produtos em geral não retira do povo angolano a sua alegria genuína.

Não sei se dá para notar, na toada deste texto, que eu não saio de Angola há mais de seis meses seguidos. Estou como os brasileiros dizem, "a matar cachorro a grito" (eu sei que a expressão é mais usada para outra coisa) de tanta ansiedade por ir a Portugal. Foi um teste que quis fazer...

Entre "tentar" regressar ao blog e regressar (para férias) na próxima semana a Portugal, fica aqui o meu apontamento. Espero não demorar mais um ano e tal a regressar a NumlugarL.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Xau 2013

O ano de 2013 foi marcado por uma série de acontecimentos que posso considerar negativos. Mas como eu sou um optimista por natureza não acho que tenha sido um mau ano, apesar de estar aqui em pulgas para que ele acabe.

-Foi o ano em que emigrei.

-Foi o ano em que não passei um único aniversário com os meus pais ou irmãos.

-Foi o ano em que tive o meu primeiro acidente de moto mais a sério.

-Foi o ano em que tive 4 meses longe da minha "dama".

-Foi o ano em que tive de dizer adeus à minha casa arrendada.

-Foi o ano em que dei o meu Golfinho verde ao meu irmão.

-Foi o ano em que passei o Natal fora de Portugal.

-Foi o ano em que o meu sobrinho, a minha "dama" e, mais recentemente, o meu pai se aleijaram estupidamente.

-Foi o ano em que mais vezes estive doente.

-Foi o ano em que faltei mais vezes ao trabalho.

-Foi o ano em que perdi o meu iphone e o Samsung da minha "dama".

-E foi o ano em que me afastei de grandes amigos devido à distância.

Do lado positivo:

-Foi o ano em emigrei e arranjei um emprego com melhores perspectivas e com melhor salário.

-Foi o ano em que vivi apenas um mês de frio.

-Foi o ano em que fui a Barcelona pedir em casamento a minha "dama" e ela disse que sim.

-Foi o ano em que passei quase 3 meses de férias forçadas em Portugal.

-Foi o ano em que finalmente comecei a juntar dinheiro.

-Foi o ano em que dei mais valor à minha cidade, Lisboa.

-E foi o ano em que me juntei com grandes amigos graças a ter emigrado.

Resumindo
Foi um ano estranho com um série de pequenos acontecimentos que fizeram dele um ano com algum azar, mas que no geral face aos meus objectivos pessoais, foi bom.

Só espero que 2014 seja melhor e que a TAP baixe os preços da viagens de Luanda para Lisboa e vice-versa.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Cenas soltas



-O Natal este ano vai ser no calor. Aliás já fui mais vezes à praia em Dezembro deste ano do que em toda a minha vida.

-Acho que por Portugal está um calor esquisito que faz as pessoas usarem casacos e coisas assim, por aqui têm estado dias muito quentes, misturados com dias de chuva.

-Nesta imagem podem ver o calçadão de que falava no post em baixo (imagem roubada de http://justacrossthepond.com/tag/christmas-trees/).

-O nosso grupo de amigos vai iniciar uma nova espécie de tráfico, o tráfico de pinhões. Um pacote de 100g aqui custa 2000AKZ (cerca de 15€). Por esta razão formámos uma cosa nostra de pinhões, sempre que alguém for a Portugal tem de trazer um pacote ou dois (muito útil para a massa com pesto que o Gambacuba gosta de fazer).

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MONTHLAG

No caminho que faço todos os dias para casa, passo por um calçadão. Nome dado a uma espécie de rotunda oval onde as pessoas encontram-se para fazer exercício, conviver, etc...
É mesmo neste local, situado no meio da estrada da Samba, que colocaram uma árvore de Natal do estilo da que existiu no Terreiro do Paço, há uns anos, mas mais pequena.
Isto de ver enfeites de Natal sem frio, sem o cheiro a lareira no ar, cria uma patologia que eu vou denominar por MONTHLAG.

À semelhança daquilo que as pessoas sofrem com o Jetlag, o Monthlag provoca no organismo dos seus portadores um desfasamento temporal:
Não sinto que seja época natalícia porque está calor.
Não sinto que seja época natalícia porque não vejo assim tantas ruas enfeitadas, apesar de já haver muitas por aqui.
Não sinto que seja época natalícia porque em minha casa ainda não há árvore, nem enfeites.
Não sinto que seja época natalícia pois não vejo assim tanta azáfama na rua e nas lojas. Antes pelo contrário, o trânsito anda muito mais calmo, já que a cidade vai esvaziando aos poucos com as crianças que entram de férias, muitas seguindo para Portugal e outros países.
Não sinto sequer que seja Dezembro porque não sinto a época natalícia no ar.
Não sinto sequer que seja Dezembro pois falta-me o cheiro, as luzes, o clima de estar em Lisboa em Dezembro.
Não sinto sequer que seja Dezembro porque não há local onde beber um cacau quente ou capuccino, algo que só se eu fosse parvo é que beberia com o calor que faz em Luanda.
Não sinto sequer que seja Dezembro porque ainda não me constipei.
Não sinto sequer que seja Dezembro porque não ando de casaco e de cachecol.
Não sinto sequer que seja Dezembro porque já fui há praia e mergulhei no mar.
Não sinto sequer que seja Dezembro porque estou bronzeado.

Então entro neste ciclo estranho de estar na época de mas sem a viver, o que me provoca uma sensação de estar preso num ano contínuo. Este sintoma faz do Monthlag uma patologia que poderá nunca ser ultrapassada.
O Monthlag é também agravado pela falta de celebrar os aniversários da família e dos amigos que estão em Portugal.
O Monthlag é agravado porque nas redes sociais, nos jornais online e no telejornal só se fala de Inverno e de Natal e vê-se pessoas de guarda-chuva, botas e casacos.

Resumindo o Monthlag ataca sobretudo ex-cidadãos do Hemisfério Norte que passaram a viver no Hemisfério Sul. 

Pão Mole!

Já regressei a Luanda no final de Agosto e ainda não tinha passado por aqui para postar fosse o que fosse... Tenho andado sem tempo e também sem vontade!

Vou tentar entrar em grande:

Um amigo meu é engenheiro e costuma viajar pelas províncias para acompanhar algumas obras. Numa estalagem por onde pernoitou, o pequeno almoço era intragável, chá, pão duro e manteiga.

Ele armado em esperto foi falar com a rapariga:
-Xé! Não tens pão mole?

Moça:
-Nada! Só pão de ontem.

Ele:
-Vá lá arranja só pão de hoje! (pôr o enfâse no "só")

Moça:
-Queres pão de hoje?

Ele:
-YA! (já a pensar no gosto molinho de mastigar um pãozinho fresquinho)

Moça:
-Então passa cá amanhã.

BADUUUUUUUUUM TSSSSSSSSS

Estas pequenas histórias são do melhor que se leva deste país. O povo consegue dizer coisas muito engraçadas com toda a naturalidade de alguém que está a dizer algo óbvio.

sábado, 25 de maio de 2013

De volta!

Hoje a minha primeira manhã de volta a Portugal teve esta paisagem...

sexta-feira, 24 de maio de 2013

E agora algo completamente diferente...

O que é que uma porta de elevador de um prédio em Luanda tem haver com o programa do Aleixo?
Para além do facto de ser um programa que muitas vezes não funciona (na esfera do entendimento cómico da coisa) e do elevador deste prédio não funcionar há mais de 30 anos...



Vejam...


Passei pela porta deste elevador dezenas de vezes, até que se fez clic na parte que aglomera a estupidez e parvoíce toda no meu cérebro:
-Erasmu Gil... Ah! O DJ. Renato Alexandre esteve aqui...