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sábado, 26 de abril de 2008

Noites quentes do Verão português

"Grândola vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade"

Foi ao som de Zeca Afonso, uma sentida homenagem para este grande homem, que, a escassos 10 minutos da meia-noite do dia 25 de Abril, eu e um amigo entrámos na descida da estrada do Lobito.
Por estúpido que pareça até me senti arrepiado, como se estivesse a sentir que o dia da Revolução dos Cravos fosse um dos principais responsáveis por podermos estar ali.
Claro que eu não consigo imaginar o terror de quem teve de sair deste país à força e de abandonar as suas vidas e amigos. Algo que o 25 de Abril também precipitou.
Digamos que foi um sentimento de algum orgulho por ser português, daqueles que se sentem, por exemplo, quando ouves o hino antes de uma eliminatória numa fase final de qualquer Campeonato Mundial ou Europeu de futebol.
Lá continuámos a ouvir sons da nossa terra (em angolano é banda), umas musiquinhas do Saúl outras do Dino Meira (obrigado ao Ipod do Tozé por ter um leque variado de sons). Mais uns sons pimba e a minha mente já viajava para as sardinhadas do Santo António, das noites quentes de Lisboa ao som das bandas populares. Das noites animadas das santas terrinhas do interior, dos melos e dos curtes que a malta dava quando era pito às pitas das territas.
Dos gajos a conduzirem Renault 5, de bandeira axadrezada pintada no capôt, como se fosse um verdadeiro Subaru WRX. Dos bêbados a serem colhidos por touros nas arenas improvisadas no meio das vilas. E sobretudo do convívio com os amigos nessas alturas.
Foi só um pouco de saudades que uma noite quente, mas mais fresca do que é habitual aqui, nos cria. Ah! Já quase que me esquecia do que sinto também muita falta... Da bela da bifana ou coirato (é assim que se diz na minha terra :)) numa mão, com a Mine (Sagres Mini para os mais ignorantes) a estalar na outra.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Luanda afinal até me kuia (até gosto)

Diálogo
Depois do jipe estacionado, sem ajuda nenhuma, eis que chega um puto e diz:
-Chefia! Estou aí a controlá. Ya...

Eu:
-Como te chamas? (resposta) ... Ya, controla só.

Palavras chave desta conversa, controla, ya e só. É assim que nos entendemos nas ruas de Luanda, com um discurso cheio de calão e com frases que envergonhariam qualquer chelame (natural de Chelas). Não sei se entenderam, mas ele basicamente disse-me: -Vá paga-me uma gasosa que é para quando voltares, não teres os pneus furados. E eu respondi: -Estou-te a identificar que é para depois te marcar, e sim dou-te uma gasosa (grojeta).

Especialista de mecânica
Queres arranjar qualquer coisa no carro. Segue para a Rapor, que se situa no meio da rua, num parque público, onde há um grupo de rapazes, vestidinhos com calcinha de ganga e t-shirt da moda, que fazem de tudo. Desde grampear vidros (é necessário grampear os espelhos, os piscas e os faróis para que não desapareçam), questões eléctricas (recomendo o puto Walter) e colocação de pequenos pormenores de embelezamento (o chamado xuning). Tudo se faz no meio da rua e por preços negociáveis. Aliás já vi um Cayenne e um Touareg ali a serem grampeados, portanto os putos devem de ser bons.

Fila conveniente
No trânsito infernal apenas uma coisa me agrada, os zungueiros (vendedores) que andam entre o espaço que os carros deixam na estrada (que por muitas vezes é pouco) a vender tudo. Precisei de uns cabos de bateria:
-Xé 2000 kwanza mô cota.
-Mas porquê, 1000 kz não é Kumbu?
-Nada mô cota. Esse é preço de igreja (de custo) . Vai por 1500 kz.
-Ok, tens troco de 2000 KZ.
-Espera aí mô cota. EH! Traz-me aí 500 kz... (enquanto vai a correr para trazer o troco, eu continuo a avançar na fila)
Negócio feito, lá vou avançando lentamente na fila com um calor tórrido. Sem ar-condicionado andar em Luanda simplesmente seria um inferno.

Elas são quentes
Nas discotecas elas andam com calções minúsculos e muito bem produzidas. Dançam tarraxinha (basicamente roçar o sexo um no outro mas de roupa vestida) e qualquer um pode dar um pézinho de dança.
Um amigo meu, já podre de bêbado, pegou numa negrinha alta para dançar. Ela não disse que não e tarraxou nele, entretanto o namorado olhava para os dois. Ela olhou para ele e parou de dançar. O meu amigo ficou assim meio espantado e foi a trás:
-Ensina só. (disse ele)
-Mas tá aqui o meu namorado. (disse ela)
-Não tem Maka, ensina só.
O namorado lá acenou que sim e, então, ficou o meu amigo a roçar-se na pobre da moça o resto da música.

Para entenderem que isto não é nada, vou-vos contar um pequeno diálogo.
Um amigo tuga depois de dançar com uma moça a noite inteira, virou-se e disse:
-Queres ir dar uma volta? (perguntou ele timidamente)
-Porquê. Não tens casa? (disse ela em tom intrigado)

terça-feira, 22 de abril de 2008

E cá vão algumas fotos


A baia de Luanda


A vista sobre a cidade


As sucatas são lindas e bem arrumadinhas


E este pôr do sol hein?


Grande praia e grande qualidade de vida

Assaltar com requinte


Esta foto não tem absolutamente nada haver com o tema mas apeteceu-me. É o belo do engarrafamento

Prezados leitores

Antes demais peço desculpa pelo atraso na actualização do blog. Não tenho nenhum motivo, a não ser aquele óbvio... Estou sem tempo.

Tenho estado a pensar em temas. Existem vários como calculam. Que tal assaltos de primeira qualidade? E perguntam vocês assaltos de qualidade? mas existem? Sim, camaradas existem e posso-vos dar um belo exemplo.

Ora aqui vai:

No outro dia cheguei ao meu carro e não tinha piscas, nada de estranhar. O que me disseram foi: Não estacionasses aí.
Ora bolas (pensei eu) então onde deveria estacionar? (perguntei)
resposta: Em lado nenhum, aqui tiveste sorte de não te roubarem mais coisas...
ok, para boas perguntas, excelentes respostas.

Este ainda não era o assalto do ano... Esperem que já conto o melhor

Nesse dia fui almoçar com uns amigos e depois de anunciar a minha história um deles contou o seguinte:

Ah fizeram-te isso? (disse) olha a mim foi pior. Estacionei o carro e demorei cerca de dez minutos, quando voltei o meu carro estava com os quatro piscas ligados. Achei estranho e quando me aproximei abri o carro normalmente, não tinha sinais de arrombamento nem nada, e vi que não tinha o rádio, e para além disso, tinha um bilhete que dizia: Para a próxima tem mais cuidado...... EHEHEHEHEH

Isto é nível... merecia um prémio.