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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Luanda afinal até me kuia (até gosto)

Diálogo
Depois do jipe estacionado, sem ajuda nenhuma, eis que chega um puto e diz:
-Chefia! Estou aí a controlá. Ya...

Eu:
-Como te chamas? (resposta) ... Ya, controla só.

Palavras chave desta conversa, controla, ya e só. É assim que nos entendemos nas ruas de Luanda, com um discurso cheio de calão e com frases que envergonhariam qualquer chelame (natural de Chelas). Não sei se entenderam, mas ele basicamente disse-me: -Vá paga-me uma gasosa que é para quando voltares, não teres os pneus furados. E eu respondi: -Estou-te a identificar que é para depois te marcar, e sim dou-te uma gasosa (grojeta).

Especialista de mecânica
Queres arranjar qualquer coisa no carro. Segue para a Rapor, que se situa no meio da rua, num parque público, onde há um grupo de rapazes, vestidinhos com calcinha de ganga e t-shirt da moda, que fazem de tudo. Desde grampear vidros (é necessário grampear os espelhos, os piscas e os faróis para que não desapareçam), questões eléctricas (recomendo o puto Walter) e colocação de pequenos pormenores de embelezamento (o chamado xuning). Tudo se faz no meio da rua e por preços negociáveis. Aliás já vi um Cayenne e um Touareg ali a serem grampeados, portanto os putos devem de ser bons.

Fila conveniente
No trânsito infernal apenas uma coisa me agrada, os zungueiros (vendedores) que andam entre o espaço que os carros deixam na estrada (que por muitas vezes é pouco) a vender tudo. Precisei de uns cabos de bateria:
-Xé 2000 kwanza mô cota.
-Mas porquê, 1000 kz não é Kumbu?
-Nada mô cota. Esse é preço de igreja (de custo) . Vai por 1500 kz.
-Ok, tens troco de 2000 KZ.
-Espera aí mô cota. EH! Traz-me aí 500 kz... (enquanto vai a correr para trazer o troco, eu continuo a avançar na fila)
Negócio feito, lá vou avançando lentamente na fila com um calor tórrido. Sem ar-condicionado andar em Luanda simplesmente seria um inferno.

Elas são quentes
Nas discotecas elas andam com calções minúsculos e muito bem produzidas. Dançam tarraxinha (basicamente roçar o sexo um no outro mas de roupa vestida) e qualquer um pode dar um pézinho de dança.
Um amigo meu, já podre de bêbado, pegou numa negrinha alta para dançar. Ela não disse que não e tarraxou nele, entretanto o namorado olhava para os dois. Ela olhou para ele e parou de dançar. O meu amigo ficou assim meio espantado e foi a trás:
-Ensina só. (disse ele)
-Mas tá aqui o meu namorado. (disse ela)
-Não tem Maka, ensina só.
O namorado lá acenou que sim e, então, ficou o meu amigo a roçar-se na pobre da moça o resto da música.

Para entenderem que isto não é nada, vou-vos contar um pequeno diálogo.
Um amigo tuga depois de dançar com uma moça a noite inteira, virou-se e disse:
-Queres ir dar uma volta? (perguntou ele timidamente)
-Porquê. Não tens casa? (disse ela em tom intrigado)

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