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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Divagar

Em África, entre o pôr-do-sol e a escuridão da noite, encontramos a paz. Não lhe quero chamar apenas paz porque é redutor demais e porque o sentimento é indescritível e engole-nos completamente.
Sabem a sensação de estar perante uma obra de arte que nos pasma? É semelhante a esse sentimento, chego mesmo a ficar zonzo pela euforia silenciosa que me percorre o corpo.
É nesta África que eu gostaria de viver e criar os meus filhos, para que eles aprendessem o valor da vida natural e não material.
Já o fiz uma vez! Já consegui presenciar a tradição oral africana à volta de uma fogueira onde os animais são feiticeiros e onde os elementos da terra são controlados por seres ilusórios.
A única coisa que deixámos como colonos foi a língua (a única coisa que não sofre contestação por ter sido boa), o que permite que os contos ou lendas (acreditem que estas são palavras ocidentais demais para descrever o que vos falo) sejam moldados às palavras do povo e não às palavras do tradutor. Porque essa tradição do conto à volta da fogueira não pode ser escrita pois não se passam os cheiros, os sons e a emoção de quem conta, para além do contador merecer por nós uma admiração que o mistifica como personagem narrador indissociável da lenda.
Volto a dizer que nessa África eu sonho viver, mas nesta onde estou não...

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